Durante está semana quebrei a cabeça na decisão de qual seria o tema do
meu primeiro texto, até que “zapeando” os canais de TV me deparei com o filme
Rio, reprisado mais uma vez por um canal de TV por assinatura. Estava na minha
frente o típico estereótipo criado e perpetuado pelo cinema internacional sobre o Brasil e os brasileiros e meu tema estava escolhido.
O cinema clássico americano criou uma série de códigos de linguagem,
traduzidos na produção cinematográfica de acordo com um manual dentro de do
discurso narrativo, na construção sociocultural da formação de identidades
moldadas com a ótica estadunidense, amplamente aceita pelo público, assentando
as bases da construção narrativa clássica cinematográfica e os elementos
formadores do imaginário ocidental.
Nesse imaginário está a construção dos estereótipos, construídos com o
aval das relações de poder, ligadas as distorções perceptivas, construídas e
difundidas a tal ponto que não existem divergências quanto ao ponto de vista do
representador, do espectador e por vezes do próprio representado. As repetições
destas representações levam aos estereótipos, que passam a ser aceita como
verdades e até mesmo agregada a identidade local da região estereotipada.
Os estereótipos surgem como representações equivocadas e preconceituosas
da identidade de um país ou de um lugar. É antes de mais nada, um objeto de
estudo empírico nas ciências sociais, se reforçando pelo estilo grandioso das
obras midiáticas, aliados da indústria. No livro de No caso do Brasil, várias
ideias são passadas no que se trata a construção de estereótipos. Por exemplo,
o chamado “jeitinho Brasileiro”, combinado à imagem do malandro, um país
composto pela diversidade, representações que constantemente remete-se ao
erotismo, um país de pessoas que não trabalham e apenas vivem de futebol, um
país pobre, repleto de crianças carentes e barrigudas, favelas, cenários
marginalizados onde só se pensa em sexo, no qual bandido vem passar férias ou
se esconder.
É comum ver em filmes que mostram o Brasil, a tradicional linha que o
cinema clássico estadunidense trilha: Favelas, tiros, tráfico, como se não
houvesse outro assunto para abordar, se tratando de Brasil.
O Filme Rio possui uma grande quantidade de tecnologia em se tratando de animação,
enquanto o conteúdo apresenta uma forma conhecida de construção da figura
latina americana escrita pelos EUA. Notam-se alguns erros na fala dos
personagens na versão em Inglês, quando o personagem fala em português, que se
mistura por vezes com o espanhol, tipo desprezo pela língua portuguesa. O filme
mostra um país recheado de macacos, de corrupção, favelas, contrabando de
animais silvestres, entre outros.
O filme Rio, que fundamentalmente não foge à concepção da indústria, se
utiliza de códigos prontos e baseia-se no estereótipo para formar uma
identidade brasileira construída. Mostrando através de uma forma simplificada,
utilizando-se de imagens concebidas na imaginação do espectador, para não ter
de explicá-las, não tomando assim o tempo da construção da narrativa. Da
indústria, orientados por fatores da imagem com o poder, indicando também que
uma das grandes finalidades dessa construção é a razão de muitos objetos simbólicos.
Outro elemento presente no filme em análise é a construção da erotização
da mulher latina, construção amplamente divulgada nos filmes produzidos pela
indústria americana, principalmente naqueles que se convencionou chamar de
cinema clássico americano. Encontra-se inserido no enredo desses filmes uma
forma de recalcamento pelo sexo, a favor de uma economia capitalista. Ao mesmo
tempo em que procura projetar a imagem da mulher latina.
Depois dessa breve analise ainda ficam algumas perguntas. Se a imagem do
brasileiro não é favorável, por que fomentá-la? Por que aceitar apenas as
imagens negativas ou as imagens codificadas e densamente repetidas? Perguntas
das quais possivelmente não haverá uma resposta plausível, mas não custa tentar responder não é? Você arriscaria responder? BOA SORTE...

Postar um comentário