Tempos modernos (1936) é o último filme mudo de Charles Chaplin e
também o último com o seu famoso personagem Carlitos. A trama retrata a vida
urbana estadunidense durante a década de 1930, período posterior a grande crise
financeira de 1929, quando o desemprego, o empobrecimento e a fome se
alastravam por toda a sociedade.
A temática que o filme Tempos Modernos aborda é bastante ampla,
percorrendo desde as condições de vida e trabalho dos operários da época até a
hipocrisia e a repressão das classes dominantes da
sociedade. Chaplin, porém, focou-se em duas questões pertinentes resultadas da
ascensão do nacionalismo e da grande Depressão: o desemprego e a automação.
Embora o próprio Chaplin considerasse seu filme apolítico, muitas mensagens de
seu trabalho remetem ao pensamento de Karl Marx, sobretudo em seu conceito de
alienação.
O conceito de “alienação”
significa “estranhamento” ou “distância” do trabalhador em relação àquilo que
produz, ao mundo e à própria vida. Entretanto, a concepção do termo vai além do
mundo do trabalho estendendo-se à religião, política, cultura, etc. Marx
desenvolveu esse conceito mostrando que a industrialização, a propriedade
privada e o assalariamento separam o trabalhador dos meios de produção, sendo
assim, os próprios trabalhadores se tornaram propriedade privada do sistema
capitalista.
Logo no início do filme um
rebanho de ovelhas é mostrado indo para um matadouro e em seguida há uma
comparação com os trabalhadores indo para a indústria. Em outra cena, Carlitos
se descontrola psicologicamente e começa a andar e se comportar ritmicamente de
acordo com sua atividade repetitiva na linha de montagem. Essas são algumas
cenas que representam bem o conceito de “alienação”, sendo que para Marx, a
alienação do ser humano pode se dar em relação à natureza, à sua própria
atividade produtiva, à sua espécie e de uns em relação aos outros.
Além disso, várias outras cenas
remetem a concepções marxistas referentes a alienação, como por exemplo, nas
cenas dos operários que fabricam os produtos na indústria, mas estão longe ou
“alienados” daquilo que ajudaram a construir e também da alienação do seu
trabalho, que por sua vez é vendido por um preço muito inferior ao que
realmente vale, gerando assim, a pobreza e a desigualdade social.
Como sempre digo: “Cinema e Filosofia
são duas aves que rapinam para um mergulho no mais íntimo do eu através da
janela (ou câmeras, lentes) do outro...”
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Sobre o Autor:
Bruno Jose Yashinishi, nascido em 27/06/1991. Graduado em História pela Universidade Estadual do Norte do Paraná. Pós graduado em Metodologia do Ensino de Filosofia e Sociologia pela Faculdade São Braz de Curitiba.
Tags: Educação, LIBERDADE, MUNDO, OpiniãodoLeitor
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