Fico perplexo com a vividez de algumas memórias.

Tenho uma do ano de 1997.

Acho que era por volta das 15h, 16h. Eu estava no quarto mais ao fundo. A casa era de madeira, assim como a maiorias das casas naquela época eram. A tarde era muito quente, mas o vento soprava, como sempre soprava, na planície mato-grossense.

O vídeo cacete chegará a pouco tempo, se minha turva memória não me engana além da conta. Lembro que toda vez que íamos usa-lo, tínhamos que fazer algo nos fios. Não lembro o porquê, mas lembro que mexíamos com frequência no fios.

Naquele dia não foi diferente.

É possível que eu tenha passado a tarde jogando videogame, é possível que eu tenha passado a tarde brincando, é possível que tenha feito muita coisa naquele dia exceto, é claro, as tarefas do meu primeiro ano do ensino fundamental na escola Nilza alguma coisa Pipino.
Naquele momento eu estava mexendo na televisão por algum motivo, e então houve medo de ter feito alguma coisa errada, de ter “quebrado” a TV.
Foi então que a sintonia automática acabou e o canal de Senor Abravanel foi sintonizado pela primeira vez naquela televisão.
E a corneta tocou.



Você, amigo leitor, deve compartilhar da dor que estou passando.

A dor de perder um amigo próximo que não conhecemos.

E essa é a segunda vez que passo pro isso nesse ano. Perder o gênio do Aladin não foi fácil também.

Roberto Bolanos era chamado de Chespirito, acunha dada por ter um “q” Shakespeare em suas obras, sempre populares.

Em terras tupiniquins é amado por grande parte da população, que idolatra seus esquetes, que ri da mesma piada, que é repetida há tanto tempo. E é incrível observar a dinâmica que há nas interpretações. Todos os personagens em tela conversão para o andamento da cena, para trazer o momento da catarse, o momento do riso. Um humor simples, mas ainda carrega uma crítica ao momento histórico que o país de origem passara.

Minha mãe sempre disse que não é recomendado aos advogados trabalhar em caso que haja envolvimento emocional. Esse é o caso que passo agora.
Não tenho como julgar os programas, as interpretações, ou qualquer coisa do tipo. Meu coração é entregue a esses personagens, a essa dinâmica tão gostosa de se ver em tela.

Ao mestre Bolaños, fica aqui minha singela homenagem.

Você pode ter entrado na vida dos brasileiros sem querer querendo, mas o nosso coração acolheu sua obra, e se o garoto do oito não tinha ninguém cuidando dele, ele tinha uma multidão que o amava e amará por gerações ainda.