O problema em ser um cara meio burro é que, ao ver algo muito diferente do que estou acostumado, algo que usa da arte para expressar algum sentimento, eu tendo a não entender. Nos dias atuais isso é transformado na fagulha de alguma pesquisa, que eventualmente me faz passar alguns momentos tentando absorver diversas opiniões sobre o fato.

Comecei o texto com essa volta toda - e aqui, se me permite, darei mais uma - pra falar que depois de ver 2001 e FRITAR em boa parte do início do último ato, pesquisei sobre. Stantey Kubrick, o diretor, quando indagado sobre o que era aquele show de luzes, aquela maluquice absurda, dizia que Michelangelo nunca precisou explicar a capela Sistina.

Agora pegue minha mão, amigo leitor, e foquemos nessa ideia: não se explica uma arte.

E à arte pode se expressar de diversas formas: música, danças, pintura, esculturas, arquitetura, teatro, literatura, fotografia, cinema, arte digital e, a que me trás a escrever esse texto, a que é nona numa lista que ninguém realmente se importa, os quadrinhos( ou banda desenhada, segundo a Wikipedia portuguesa ).

Me é complicado escrever esse texto e tentar manter o afastamento emocional, então pedirei desculpas prévias se cair no lago emocional. Expus isso, pois tenho um sério problema com todas as instituições religiosas. Acho que posso ser chamado por muitos de ateu babaca. Acho a maioria dessas instituições estúpidas, e realmente acho que o mundo poderia ser melhor em muitos aspectos com o término delas e de suas morais.

Mas não feche ainda. Dê-me o benefício da dúvida.
Agora citarei um clichê , e acho que ele realmente faz sentido com tudo que direi no texto: “posso não concordar com o que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo”. 
Ou seja, você pode ter a sua visão sobre algo. Só que você não deve impor ela a ninguém.

Antes de começar a escrever esse texto, na verdade antes mesmo de afirmar qualquer coisa sobre o tema, eu li e refleti um bocado. Fiquei abalado quando vi que algumas vidas foram encerradas brutalmente. Sempre fico. O que é um puta problema nos tempos atuais. Você tem que ter um opinião formada rapidamente. Logo eu, que ainda me pego refletindo sobre a questão das cotas.

Bom, quanto ao ocorrido na redação da revista, você pode ler um pouco mais aqui, nessa matéria da Folha de S.Paulo


Um dos grandes problemas que vivemos atualmente é o fator binário do mundo. Lembro-me de uma conversa que tive com um amigo quando, na época das eleições, algum candidato falou sobre regular a mídia. Ele via aquilo com censura. Na época não entendia muito sobre o assunto, e tendo a dizer que ele também não.

Tenho, ao menos atualmente, o seguinte ponto: sempre que algo é dito, passado adiante, aquilo gerará um valor, e esse valor é altamente improvável de ser revertido, ao menos facilmente.  Por isso temos tantas distorções do que é realmente dito sendo proferidas diariamente. Por isso a grande massa ainda teme uma invasão comunista. Há um valor gerado, e ainda não foi possível reverter. E acho altamente improvável que seja um dia.

Tendo a concordar com a opinião do mestre Laerte, emitida em sua entrevista para o Último Segundo do IG:
"[...]Os cartunistas lidam com a linguagem do humor, mas são jornalistas. Eu sou a favor da liberdade de expressão, mas não acho que existe expressão acima de qualquer crítica. Se você faz um discurso estimulando pessoas a praticar violência ou discriminação, isso precisa ser discutido. Defendo a liberdade de expressão, mas também o direito de criticar, das pessoas a quem você se refere ou que são objeto do seu discurso contestarem o que você esta falando, responderem, se queixarem, declararem que isso as humilha e é conivente com situações de opressão. O problema é que isso é agitado como um argumento pró censura, e eu sou contra ela. Tem que haver outra maneira que não seja a censura ou entrar em uma redação com metralhadoras." (Laerte, 2015)

Auto retrato feio para a entrevista fornecida ao Blog do Morris

Então, sim, as imagens que foram e serão publicadas pela revistar Charlie Hebdo geram um valor no consciente coletivo. Agora se você acessa a parte que ele está criticando o fato, como me parece que é a proposta dele em criticar tudo, entendendo a crítica no contexto, você está entendendo o que realmente é o ponto do jornalista, você estará mais próximo de absorver, de captar a ideia deles. Se você leva aquilo para o lado pessoal, e acha que eles estão sendo a favor de algum preconceito – e pelo amor de Odin, não estou dizendo que eles não estão! Não conheço o trabalho deles para afirmar isso – e segue esse preceito de regressão social, você é que está indo ao lado errado.

Temos que caminhar pra frente.

Bom, resumindo: Sim, serei Charlie Hebdo quando se tratar da liberdade expressão, e não, nunca serei quando se tratar do aumento do preconceito, do ódio às minorias, da intolerância as diferenças.

E ainda torço por um avanço de um produto coerente entre razão e emoção.
Deixo ainda um texto e um vídeo que me ajudaram a pensar sobre: