Em um dos braços d'uma jovem nebulosa, bem próxima à extremidade, havia um pequenino planetoide azul. Aquele planeta era muito belo, mas seus habitantes
estavam mais interessados em mostrar q apenas suas opiniões eram corretas. Eles o faziam de uma maneira bem peculiar, e se me permitem dizer, burra: eles ficavam gritando ela em discussões, que normalmente envolvia líquidos que continham uma substância chamada álcool. Eventualmente, havia mortes, mas eles não se preocupavam com isso. O importante não era viver, era ter essa tal de razão.

Foi em uma dessas noites que cheguei por lá. Aterrissei próxima a uma pequena cidade que tinha três rios de água próximos. Da pra acreditar que eles ainda têm fontes de água? No meu planeta isso acabou a milênios. Tá, ok, eu sei que meu planeta acabou a milênios, e agora sintetizamos tudo. É bem prático, admito, mas o gosto das coisas não tem o mesmo impacto de outrora. Aposto que as reuniões seriam bem mais divertidas assim.

Na noite que cheguei, tudo estava calmo, parado como uma poça d'agua.

E eu fui a pedra jogada no meio dela.

Os habitantes desse pequeno ponto azul tinham uma tecnologia bem peculiar, que me faz pensar em como uma solução tão óbvia não foi feita pelo meu povo. Consistia de diversas máquinas ligadas a uma mesma rede. Que incrível isso. Obviamente, a maioria a usava apenas para coisas inúteis, como ver pessoas se acasalando, confirmar que estão certos, etc. Era possível conectar a ela por ondas transmitidas em frequências especificas. Em meu planeta, usávamos algo assim para chamar as pessoas e manter uma conversa. Fiquei sabendo que antigamente era assim, mas que os aparelhos que eles tinham aqui, chamados de celulares, faziam tudo bem, só que manter essa conversa com o outro era difícil por causa da qualidade do sinal.

Consegui, após algumas horas de estudo sobre, ingressar nessa rede. Depois disso, assimilei um pouco da linguagem deles, e tentei entender o que era interessante observar.

Ai surgiram mais alguns problemas.

Pareceu-me que para eu ser um cara bem visto, precisaria de um veiculo que eles chamam de “carro”, e ele precisaria emitir ondas sonoras absurdamente altas, atrapalhando a todos. Não entendi o porquê disso ser importante.

Confesso que nem o porquê de ter que se ter um veiculo desses. Sua força provinha de uma substância que era nociva ao planeta. Mesmo assim, todos ainda o usavam. Não os culpo, mas havia soluções menos impactantes, como uma tal de bicicleta.

Depois de um tempo aqui, descobri que ela é muito comum em certos setores.

Naquela noite, usei uma das ferramentas de exploração do planeta. Felizmente sua atmosfera permitia que eu andasse, tendo níveis aceitáveis de oxigênio e nitrogênio, além de outros gazes mais esparsos. Ativei-o, e procurei me parecer com seres poucos notados. Descobri que havia uma parcela da população que não é muito reparada, e que emprestava seu corpo para os outros acasalarem, e em troca disso recebiam um papel que dava a possibilidade de trocar por outros objetos.

Ativei o colar, e começou as mudanças. Naquela noite, eu era o que eles chamam de “traveco”.