Por Bruno Yashinishi.

Fonte: garotoenxaqueca.blogspot.com
O filme Ponto de mutação, dirigido por Bernst Capra e inspirado no livro homônimo de Fritjof Capra trata-se de um diálogo entre três pessoas inseridas em realidades sociais diferentes, principalmente na área profissional e no seu campo de atuação perante a sociedade. Um político, um poeta e uma cientista se encontram em um ambiente medieval isolado e iniciam uma discussão profunda a respeito do mundo em que vivem adentrando em questões específicas num olhar científico, histórico, filosófico e até bem mais explanado em diversas áreas do conhecimento. A temática principal de sua discussão está ligada ao meio ambiente, bem como em sua relação direta com o homem e sua vida no planeta.
Porém, mais do que apenas incitar uma preocupação com a questão ambiental e progresso econômico, o filme tece uma concepção diferente sobre meio ambiente e suas relações com o homem no decorrer de sua vida, bem como as transformações resultantes dessa aproximação num conjunto total dos meios interligados. Partindo de uma crítica a visão cartesiana de se ver a natureza, no momento em que uma analogia é feita entre um relógio mecânico e o funcionamento do universo, adentramos em um conjunto de teorias incisivas na questão de entender o mundo como um todo, ou seja, não de maneira isolada ou divisora de particularidades a serem entendidas separadamente, mas como um único ser que possui uma inteligência, um movimento.
Ao utilizarmos unicamente o método cartesiano, apesar de possuir inestimável valor, tomamos o meio ambiente de maneira fragmentada. Como num processo de dissecação, onde cada membro é isolado para ser compreendido particularmente e só posteriormente adentrar num conjunto a ser conhecido, o método cartesiano toma a questão ambiental, correndo o risco de perder muito nesse processo, ao passo que o mundo precisa ser entendido como um todo levando em consideração as inúmeras relações existentes entre cada membro que o compõem. Podemos ter um domínio sobre o objeto isolado, porém não a compreensão dele com relação ao conjunto ao qual pertence. Tudo está mais do que sistemicamente ligado e para que possamos entender algo não podemos descartar a conexão a qual faz parte.

Assim, o filme nos propõe uma mudança na visão de mundo. Defendendo que, visto de maneira única e interconectada, a natureza e os seres são cognoscíveis bem como seus problemas. Daí surge uma ideia de reeducação ambiental, visto que, como tudo é tomado como único, o respeito que devemos ter para com a natureza é o mesmo que temos para conosco e que todo tipo de conhecimento pode ser concebido com interdisciplinaridade, fazendo que nossa ciência torne-se mais profunda e cognitiva a respeito do objeto estudado.