Sabe:
aquelas pequenas maldades que você teima em guardar para si mesmo, mas não
consegue resistir em jogá-la no ventilador para ver o estrago?
Eu
tenho várias delas guardadas. Hoje vou falar sobre uma delas.
Não
me furto de ver os posts dos Engenheiros do Hawai onde fica explícita a ideia
de que eles são uns puta filósofos. Cada frase, de cada música é uma sentença
filosófica incontornável até para os espíritos mais inquietos da Humanidade,
como um Espinosa, um Nietsche ou um Sartre.
Vou
arranjar alguns inimigos, pois até um ex-amor meu se mostra fã incondicional do
ajuntamento gaúcho para perpetrar suas músicas contra a humanidade.
Pois
bem, comecemos a falar do Humberto. É, o Humberto. Parece um boneco de Olinda
gaúcho que deixou o cabelo crescer apenas para fazer chapinha todo final de
semana.
Dizem até que os gaúchos guardam um segredo dele a sete chaves, quando,
num belo dia, ele se recusou a fazer um show em São Leopoldo porque esqueceram
a chapinha dele em casa. Quem me confidenciou isso, foi uma leopoldense da
gema, Maura Balbinot. É claro que ela vai negar de pés juntos, mas isso ela me
confidenciou numa bela noite de inverno, depois da terceira ou quarta garrafa
de vinho.
A
música mais marcante deles, nem é deles, mas que é a mais profunda,
filosoficamente falando, é aquela “Era um Garoto”.
Aí é
que começa o drama. Esta música é como sarampo, catapora ou varicela. Ataca na
primeira infância dos adolescentes punheteiros que já se imaginam um Jimy Page
ou um Joe Fogerty da vida. E lá vão eles infernizar a vida dos pais, dos
irmãos, e inevitavelmente dos vizinhos, pobres indefesos, sem nenhuma proteção
acústica dos meliantes.
Não
sei por que cargas d’água eles tiveram a infeliz ideia de gravar essa música esquecida
lá nos porões da memória portoalegrense.
A
música tem seus momentos sublimes quando, por exemplo, com sua voz roufenha,
Humberto tasca, para agonia auditiva:
Era
um garoto que como eu
Amava
os bitous e us róóóóóóó´listonis
Fonte: tumblr_n0wrhdoo1m1sthf15o1_500
Quando
uma carta sem esperar
(note
aqui a sílaba num ascendente até atingir uma nota Dó de peito)
da
sua guitarra o separou...
Agora,
o clímax do imaginário que criou a verdadeira pérola musical do século XX vem
com a onomatopéia de uma metralhadora assassina:
Ratátá - tatá
Ratátá
- tatá
E,
por fim, acabadas as balas, o fechamento da música com chave de ouro
Só o
silêncio.
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