E
aí, moçada?
Muito atrasada com meus
textos mas é que, antes do recesso forense, despejam prazos nas nossas cabeças e a coisa fica complicada.
Enfim, cá estamos, e hoje
eu vim falar sobre maternidade.
Esse foi um dos primeiros textos que escrevi quando fui convidada pra escrever para o blog, pois era algo que já vinha me
incomodando há tempos, porem, por ocasião dos acontecimentos, acabou ficando
pra depois. Coincidentemente, nesse ultimo mês, vi alguns textos com o mesmo
tema aparecer no meu feed de noticias e reparei que esse assunto não incomoda
somente a mim, mas a varias mulheres que fizeram a mesma opção na vida.
Simbora, então, pro
desabafo!
Eu optei por não ter filhos.
Gosto de crianças, já
troquei muita fralda dos meus sobrinhos, já dei muito banho e levei muito pra
escola. Ainda hoje, passo horas com eles, brincando, estudando, revisando e corrigindo
textos de TCC (tenho sobrinhos em idades variadas, nota-se), etc., etc. Mas não
quero ser responsável por uma criança, em período integral e perpétuo.
Gosto de dormir quando quero,
comer quando tenho fome, sair e voltar quando eu tenho vontade e, penso eu, que
sendo mãe, isso não seria possível. Pra mim pelo menos, não seria. Conheço-me e
meu senso de responsabilidade (ou nível de neurose) não permitiria. Só pra exemplificar, temos uma festa de peão
aqui na cidade onde moro, ela acontece no inverno e, muito me irrita ver os
casais com seus recém-nascidos no meio daquele barulho e daquele frio. Então, sei que seria pra mim, outro parto, dedicar-me a mim mesma, mesmo que
por pouco tempo. Admiro quem consiga,
mas sei que não seria meu caso.
Assim, das duas uma, eu
seria uma mãe superprotetora ou completamente louca e, sinceramente, não acho
que extremos façam bem a nenhuma criança.
Pode parecer egoísmo, mas,
será que é?
Será que não é
consciência?
Quando me perguntam e eu falo
isso pras pessoas, sinto olhares acusadores que parecem me dizer: Você não merece ter um útero.
Algumas pessoas
ainda opinam: “ahhh, mas uma hora você muda de ideia”, outras dizem: “ É que
você ainda não achou o homem certo (?) com quem vai querer ter um filho”, a que
mais me aborreceu, por assim dizer, foi: “Mas você vai envelhecer sozinha? Quem
vai cuidar de você na velhice?”
E dessas frases, indago:
as pessoas acham que parimos pra termos enfermeiros no futuro? Não fazemos
filhos, fazemos investimento? É isso? Outras acham que devemos ter filhos
quando estamos apaixonados. E o que faremos com eles quando o amor pelo homem
“certo”, acabar? E alias quem disse que a decisão de ter um filho,
necessariamente, depende de se ter um homem ao lado? Pra fazer um filho, sim,
um homem é necessário, mas pra decidir ter um? Acho que é uma decisão muito
pessoal e de novo, perpétua, pra depender de outra pessoa ou jogar sobre ela,
essa responsabilidade de decisão. Claro que é uma decisão a ser tomada a dois,
mas entendam, se o homem quer ser pai, vc será mãe pra satisfazer-lhe a
vontade? Ser mãe, não é uma decisão a ser tomada por amar um homem. É uma decisão
tomada por se amar a maternidade, por amar doar-se, desprender-se de si mesma,
e dedicar-se a outra pessoa.
Sobre mudar de ideia,
quem sabe? Penso que já aos 36 anos, não me resta tanto tempo pra decidir,
então, sempre digo que se aflorar, tardiamente, o tão falado instinto materno,
posso adotar um filho, mas acho que não será o caso. Não gosto de pensar em ser
responsável por outro ser humano. Já é tão difícil cuidar e prover a mim mesma.
E pra mim, essa é a palavra que descreve a maternidade (paternidade):
responsabilidade.
É, é... Eu sei que amor,
carinho, plenitude e tudo mais, também descrevem bem, mas responsabilidade, pra
mim, engloba tudo isso.
Então, não ser mãe, faz
de mim menos mulher, ou uma mulher mais consciente?
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